quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A FAMÍLIA ZEBEDEU

4
A Família Zebedeu
Na manhã que se segui à primeira manifestação da sua palavra defronte do Tiberíades, o Mestre se aproximou de dois jovens que pescavam nas margens e os convocou para o seu apostolado.
-Filhos de Zebedeu - disse bondoso -, desejais participar das alegrias da Boa Nova?!
Tiago e João, que já conheciam as pregações do Batista e que o tinham ouvida na véspera, tomados de emoção se lançaram para ele, transbordantes de alegria:
-Mestre! Mestre! - exclamavam felizes.
Como se fossem irmãos bem amados que se encontrassem depois de longa ausÊncia, tocados pela força do amor que se irradiava do Cristo, fonte inspiradora das mais profundas dedicações, falaram largamente da ventura de sua união perene, no futuro, das esperanças com que deveriam avançar para o porvir, proclamando as belezas do esforço pelo Evangelho do Reino. Os dois rapazes galileus eram de temperamento apaixonado. Profundamente generosos, tinham carinhosas e simples, ardentes e sinceras as almas. João tomou das mãos do Senhor e beijou-as afetuosamente, enquanto Jesus lhe acariciava o anéis macios dos cabelos. Tiago, como se quisesse hipotecar a sua solidariedade inteira, aproximou-se do Messias e lhe colocou a denstra sobre os ombros, em amoroso transporte.
Os dois novos apóstolos, entretanto, eram ainda muito jovens e, em regressando a casa com o espírito arrebatado por imensa alegria, relataram a sua mãe o que se passara.
Salomé, a esposa de Zebedeu, apesar de bondosa e sensível, recebeu a notícia com certo cuidade. Também ela ouvira o profeta de Nazaré nas suas gloriosas afirmativas da véspera. Pôs-se então a ponderar consigo mesma: Quem sabe se o filho de Maria não falava na cidade em nome de algum príncipe? Ah! O Cristo deveria ser o intérprete de algum desconhecido ilustre que recrutava adeptos entre os homens trabalhadores e mais fortes. A quem seriam confiados os postos mais altos, dentro da nova undação? Seus filhos queridos bem os mereciam. Precisava agir, enquanto era tempo. O povo, de há muito, falava em revolução contra os romanos e os comentadores mais indiscretos anteviam a queda próxima dos Ântipas. O novo reinado estava próximo e, alucinada pelos sonhos maternais, Salomé procurou o Messias no círculo dos seus primeiros discípulos.
-Senhor - disse, atenciosa -, logo após a instituição do teu reino, eu desejaria que os meus filhos se sentassem um à tua direita e outro à tua esquerda, como as duas figuras mais nobres do teu trono.
Jesus sorriu e obtemperou com gesto bondoso:
-Antes de tudo, é preciso saber se eles quererão beber do meu cálice!...
A genitora dos dois jovens embaraçou-se. Além disso, o grupo que rodeava o Messias a observava com indiscrição e manifesta curiosidade. Reconhecendo que o instante não lhe permitia mais amplas explicações, retirou-se apressada, colocando o seu velho esposo ao corrente dos fatos.
*
Ao entardecer, cessado o labor do dia, Zebedeu acompanhado pelos dois filhos procurou o Mestre em casa de Simão. Jesus lhes recebeu a visita com extremo carinho, enquanto o velho galileu expunha as suas razões, humilde e respeitoso.
-Zebedeu - respondeu-lhe Jesus -, tu, que conheces a lei e lhe guardas os preceitos no coração, sabes de algum profeta de Deus que, no seu tempo, fosse amado pelos homens do mundo?
-Não, Senhor.
-Que fizeram de Moisés, de Jeremias, de Jonas? Todos os emissários da verdade divina foram maltratados e trucidados, ou banidos do berço em que nasceram. Na Terra, o preço do amor e da verdade tem sido o martírio e a morte.
O pai de Tiago e de João ouvia-o humilde e repetia: -Sim, Senhor.
E Jesus, como se aproveitasse o momento para esclarecer todos os pontos em dúvida, continuou:
-O reino de Deus tem de ser fundado no coração das criaturas; o trabalho árduo é o meu gozo; o sofrimento o meu cálice; mas, o meu Espírito se ilumina na sagrada certeza da vitória.
-Então, Senhor - exclamou Zebedeu, respeitoso -, o vosso reino é o da paz e da resignação que os crentes de Elias esperavam!
Jesus com um sorriso de benignidade acrescentou:
-A paz da consciencia pura e a resignação suprema à vontade de meu Pai são do meu reino; mas os homens costumam falar de uma paz que é ociosidade de espírito e de uma resignação que é o vício do sentimento. Trago comigo as armas para que o homem combata os inimigos que lhe subjugam o coração e não descansarei enquanto não tocarmos o porto da vitória. Eis por que o meu cálice, agora, tem de transbordar de fel, que são os esforços ingente que a obra reclama.
E, como se quisesse pormenorizar os esclarecimentos, prosseguiu:
-Há homens poderosos no mundo que morrem comodamente em seus palácios, sem nenhuma paz no coração, transpondo em desespero e com a noite na consciência os umbrais da eternidade; há lutadores que morrem na batalha de todos os momentos, muita vez vencidos e humilhados, guardando, porém, completa serenidade de espírito, porque, em todo o bom combate, repousaram o pensamento no seio amoroso de Deus. Outros há que aplaudem o mal, numa falsa atitude de tolerância, para lhes sofrer amanhã os efeitos destruidores. Os verdadeiros discípulos das verdades do céu, esses não aprovam o erro, nem exterminam os que os sustentam. Trabalham pelo bem, porque sabem que Deus também está trabalhando. O Pai não tolera o mal e o combate, por muito amar a seus filhos. Vê, pois, Zebdeu, que o nosso reino é de trabalho perseverante pelo bem real da Humanidade inteira.
Enquanto os dois apóstolos fitavam em Jesus os olhos calmos e venturosos, Zebedeu o contemplava como se tivesse à sua frente o maior profeta do seu povo.
-Grande reino! - exclamou o velho pescador e, dando expansão ao entusiasmo que lhe enchia o coração, disse ditoso:
-Senhor! Senhor! trabalharemos convosco, pregaremos o vosso evangelho, aumentaremos o número dos vossos seguidores!...
Ouvindo estas últimas palavras, o Mestre elucidou, pondo ênfase nas suas expressões:
-Ouve, Zebedeu! nossa causa não é a do número; é a da verdade e do bem. É certo que ela será um dia a causa do mundo inteiro, mas até lá, precisamos esmagar a serpente do mal sob os nossos pés. Por enquanto, o número pertence aos movimentos de iniquidade. A mentira e a tirania exigem exércitos e monarcas, espadas e riquezas imensas para dominarem as criaturas. O amor, porém, essência de toda glória e de toda vida, pede um coração e sabe ser feliz. A impostura reclama interminável fileira de defensores, para espalhar a destruição; basta, no entanto, um homem bom para ensinar a verdade de Deus e exaltar-lhe as glórias eternas, confortando a infinita legião de seus filhos. quem será maior perante Deus? A multidão que se congrega para entronizar a tirania, esmagando os pequeninos, ou um homem sozinho e bem-intencionado que com um simples sinal salva uma barca cheia de pescadores?
Empolgado pela sabedoria daquelas considerações, Zebedeu perguntou:
-Senhor, então o Evangelho não será bom para todos?
-Em verdade - replicou o Mestre -, a mensagem da Boa Nova é excelente para todos; contudo, nem todos os homens são ainda bons e justos para com ela. É por isso que o Evangelho traz consigo o fermento da renovação e é ainda por isso que deixarei o júbilo e a energia como as melhores armas aos meus discipulos. Exterminando o mal e cultivando o bem, a Terra será para nós um glorioso campo de batalha. Se um companheiro cair na luta, foi o mal que tombou, nunca o irmão que, para nós outros, estará sempre de pé. Não repousaremos até ao dia da vitória final. Não nos deteremos numa falsa contemplação de Deus, à margem do caminho, porque o Pai nos falará através de todas as criaturas trazidas à boa estrada; estaremos juntos na tempestade, porque aí a sua voz se manifesta com mais retumbância. Alegar-nos-emos nos instantes transitórios da dor e da derrota, porque aí o seu coração amoroso dirá: "Vem, filho meu, estou nos teus sofrimentos com a luz dos meus ensinos!" Combateremos os deuses dos triunfos fáceis, porque sabemos que as obras do mundo pertence a Deus, compreendendo que a sua sabedoria nos convoca para completá-la, edificando o seu reino de venturas sem-fim no íntimo dos corações.
*
Jesus guardou silêncio por instantes. João e Tiago se lhes aproximaram, magnetizados pelo seu olhar enérgico e carinhoso. Zebedeu, como se não pudesse rexistir a própria emotividade, fechara os olhos, com o peito oprimido de júbilo. Diante de si, num vasto futuro espiritual, via o reino de Jesus desdobrar-se ao infinito. Parecia ouvir a voz da Abraão e o eco grandioso de sua posterioridade numerosa. Todos abençoavam o Mestre num hino glorificador. Até ali, seu velho coração conhecera a lei rígida e temera Jeová com a sua voz de trovão sobre as sarças de fogo; Jesus lhe revelara o Pai carinhoso e amigo de seus filhos, que acolhe os velhos, os humildes e os derrotados da sorte, com uma expressão de bondade sempre nova. O velho pescador de Cafarnaum soltou as lágrimas que lhe rebentavam do peito e ajoelhou-se. Adiantando-se-lhe, Jesus exclamou:
-Levanta-te, Zebedeu! os filhos de Deus vivem de pé para o bom combate!
Avançando, então, dentro da pequena sala, o pai dos apóstolos tomou a destra do Mestre e a umedeceu com as suas lágrimas de felicidade e de reconhecimento, murmurando:
-Senhor, meus filhos são vossos.
Jesus, atraindo-o docemente ao coração, lhe afagou os cabelos brancos, dizendo:
-Chora Zebedeu! porque as tuas lágrimas de hoje são formosas e benditas!... Temias a Deus; agora o amas; estavas perdido nos raciocinios humanos sobre a lei; agora terá, tens no coração a fonte da fé viva!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Teatro atualizado

Meus amigos, relembrando que marcamos um ensaio as 16 hrs no sábado, heim? É muito importante que todos estejam presentes!
Aqui está o teatro que fizemos com as atualizações de domingo passado, grande abraço a todos!

Joana de Cusa

Personagens

Joana de Cusa martirizada: Mariana
Joana de Cusa do passado: Camila
Filho: Rafael Dias
3 Verdugos: Matheus, Anderson e Guilherme
Jesus: Lucas Polesi
Narrador: Victor
Romanos: Felipe, Eric, Winnie, Quiron, Rafael Coura, Mateus Alves, Anna Flávia e Cássio
Coral: Aline, Raul, Carol Ribeiro, Carol Mello, Nathália e Ricardo

Peça

Os jovens vestidos de romanos estão espalhados pelo salão, sentados junto a platéia. Joana de Cusa e seu filho encontram-se na frente amarrados, na cena em que são flagelados por três verdugos no circo romano. Todas as luzes estão apagadas, apenas as luzes sobre os cinco estam acesas.
Romano 1: Abjura!
Romano 2: Abjura!
Romano 3: Abjura!
Romano 4: Abjura!
Romano 5: Abjura!
Romano 6: Abjura!
Todos os romanos em desordem cinco vezes: Abjura!-
Enquanto isso, os verdugos mantém os flagelos em mãe e filho...
Narrador: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas"
Verdugo 1 enquanto continua as flagelações em mãe e filho: Abjura!
Filho com voz de choro: "Repudia a Jesus, minha mãe!... Não vês que nos perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..."
Narrador: Encontramo-nos no ano 68, quando as perseguições ao Cristianismo iam intensas, vamos encontrar, num dos espetáculos sucessivos do circo, nossa abdicada irmã Joana ao lado de um homem novo que era seu filho. Ao ouvir a voz suplicante de seu amado ente, Joana recorda sua vida e seu doce encontro com Cristo.
As luzes sobre Joana e seu filho se apagam e as outras luzes vão se acendendo gradualmente enquanto uma outra Joana do passado segue pelo corredor acompanhada por Jesus. O coral começa a cantar a música Súplica a Jesus.

Coral: “Jesus no silêncio da prece
Teus irmãos a ti pedem paz
Pra aliviar um pouco as aflições
Senhor, enxugai nosso pranto
Precisamos do seu amor
E sentir sua presença envolver nossos corações
Por isso vem Jesus

E ir ao seu encontro, queremos te seguir
Afastar o mal da Terra
Acabar de vez com a guerra
E caminharmos juntos rumo a luz”

Joana do passado: Mestre, meu marido é importante funcionário do império, compartilhando assim suas crenças e repudiando os ensinamentos que tenho contigo. O que devo fazer?
Jesus: Joana, os templos da Terra são feitos de pedra, os templos de Deus se encontram em verdade no coração de cada um, teu esposo não te compreende a alma sensível? Compreenderte-á um dia. É leviano e indiferente? Ama-o mesmo assim. Não te acharias ligada a ele se não houvesse razão justa. Os sãos não precisam de médicos.
Joana do passado: Mestre, vossa palavra me alivia o espírito atormentado, entretanto, não julgais acertado que lute por impor os vossos princípios? Não estaria assim reformando meu esposo para o céu e vosso reino?
Jesus: Irmã, por que motivo Deus não impõe a sua verdade e o seu amor aos tiranos da Terra? A sabedoria celeste não extermina as paixões, transforma-as. O Pai não impõe a reforma a seus filhos, esclarece-os no momento oportuno.
Narrador: Joana de Cusa experimentava um brando alívio no coração. Percebeu que muitos são os caminhos escolhidos por nós, alguns escolhem caminhos mais longos, outros mais curtos, mas todos guiarão ao Pai Celestial. Enviando a Jesus um olhar de carinhoso agradecimento, ainda lhe ouviu as últimas palavras:
Jesus: Vai, filha!... Sê fiel!
As luzes todas se apagam, e as sobre Joana e seu filho tornam a se acender. Joana do passado e Jesus se retiram de cena. Filho chora muito.
Romano 1: Abjura!
Romano 2: Abjura!
Romano 3: Abjura!
Romano 4: Abjura!
Romano 5: Abjura!
Romano 6: Abjura!
Todos os romanos em desordem cinco vezes: Abjura!
Narrador: Ante os apelos desesperados do filhinho, Joana recordou que Maria também fora mãe e, vendo o seu Jesus crucificado no madeiro da infâmia, soubera conformar-se com os desígnios divinos. Acima de todas as recordações, como alegria divina de sua vida, pareceu-lhe ainda ouvir o Mestre a lhe dizer: - "Vai filha!... Sê fiel!" Então, possuída de uma força sobre-humana, a já viúva de Cusa contemplou a primeira vítima ensangüentada e, fixando no jovem um olhar profundo e inexprimível, na sua dor e na sua ternura, exclamou firmemente:
Joana: "Cala-te, meu filho! Jesus era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a Deus!"
Narrador: A esse tempo, com os aplausos delirantes do povo, os verdugos lhe incendiavam, em derredor, achas de lenha embebidas em resina inflamável. Em poucos instantes, as labaredas lamberam-lhe o corpo envelhecido. Joana de Cusa contemplou com serenidade a massa de povo que lhe não entendia o sacrifício. Os gemidos de dor lhe morriam abafados no peito. Os algozes da mártir cercaram-lhe de impropérios a fogueira:
Verdugo 2: O teu cristo soube apenas ensinar-te a morrer?
Joana: Não apenas a morrer, mas também a vos amar!...
As luzes se apagam saindo todos de cena e levando o cenário fica somente Joana e Jesus que entra em cena, as luzes se acendem novamente.
Jesus de frente para Joana, com a mão em seus ombros diz: Joana, tem bom ânimo!... Eu aqui estou!...
Os dois se abraçam, coral canta Impossível.
Coral: “Olho em tudo
E sempre encontro a ti
Estás nos céus, na terra, aonde for
Em tudo que me acontece encontro o seu amor
Já não se pode mais deixar
De crer no teu amor

É impossível não crer em ti
É impossível não te encontrar
É impossível não fazer de ti
Meu ideal”

Aniversário Mocidade Espírita Maria João de Deus

OLÁ AMIGOS,

É COM MUITA ALEGRIA QUE CONVIDAMOS A TODOS PARA MAIS UM ANIVERSÁRIO
DE NOSSA QUERIDA MOCIDADE ESPÍRITA MARIA JOÃO DE DEUS!!!

NA COMEMORAÇÃO DE NOSSOS 61 ANOS TEREMOS PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS,
MÚSICAS, TEATRO, ALÉM É CLARO, DE MUITA EMOÇÃO!

DIA 26 DE SETEMBRO
DE 18H00 ÀS 20H00
NO SALÃO PRINCIPAL DO GRUPO SCHEILLA

CONVIDE AMIGOS E FAMILIARES!!

AGUARDAMOS TODOS VOCÊS!!!


COORDENAÇÃO GERAL
MOCIDADE ESPÍRITA MARIA JOÃO DE DEUS
CICLO 3

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Teatro MEMJD

Bem pessoal, como prometido esse domingo postarei o texto do teatro e a relação de quem quer participar. Esse texto ainda não possui as músicas que ainda veremos com o coral. Espero que todos gostem!


Joana de Cusa


Personagens
2 Joanas de Cusa, martirizada e do passado: As candidatas são Bruna, Camila, Mariana e Camila Gonçalves
Filho: Rafael Dias
2 Verdugos: Os candidatos são Matheus Camilo, Anderson e Guilherme
Jesus: Lucas Polesi
Narrador: Victor
Romanos: Felipe, Eric, Winnie, Quiron, Rafael Coura, Mateus Alves, Anna Flávia e Cássio
Coral: Aline, Raul, Carol Ribeiro, Carol Mello, Nathália e Ricardo
Peça
Os jovens vestidos de romanos estão espalhados pelo salão, sentados junto a platéia. Joana de Cusa e seu filho encontram-se na frente amarrados, na cena em que são flagelados por dois verdugos no circo romano. Todas as luzes estão apagadas, apenas as luzes sobre os quatro estam acesas.
Romano 1: Abjura!
Romano 2: Abjura!
Romano 3: Abjura!
Romano 4: Abjura!
Romano 5: Abjura!
Romano 6: Abjura!
Romano 7: Abjura!
Romano 8: Abjura!
Todos os romanos em desordem: Abjura!-
Enquanto isso, os verdugos mantém os flagelos em mãe e filho...
Narrador: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas"
Verdugo 1 enquanto continua as flagelações em mãe e filho: Abjura!
Filho com voz de choro: "Repudia a Jesus, minha mãe!... Não vês que nos perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..."
Narrador: Encontramo-nos no ano 68, quando as perseguições ao Cristianismo iam intensas, vamos encontrar, num dos espetáculos sucessivos do circo, nossa abdicada irmã Joana ao lado de um homem novo que era seu filho. Ao ouvir a voz suplicante de seu amado ente, Joana recorda sua vida e seu doce encontro com Cristo.
As luzes sobre Joana e seu filho se apagam e as outras luzes vão se acendendo gradualmente enquanto uma outra Joana do passado segue pelo corredor acompanhada por Jesus.
Joana do passado: Mestre, meu marido é importante funcionário do império, compartilhando assim suas crenças e repudiando os ensinamentos que tenho contigo. O que devo fazer?
Jesus: Joana, os templos da Terra são feitos de pedra, os templos de Deus se encontram em verdade no coração de cada um, teu esposo não te compreende a alma sensível? Compreenderte-á um dia. É leviano e indiferente? Ama-o mesmo assim. Não te acharias ligada a ele se não houvesse razão justa. Os sãos não precisam de médicos.
Joana do passado: Mestre, vossa palavra me alivia o espírito atormentado, entretanto, não julgais acertado que lute por impor os vossos princípios? Não estaria assim reformando meu esposo para o céu e vosso reino?
Jesus: Irmã, por que motivo Deus não impõe a sua verdade e o seu amor aos tiranos da Terra? A sabedoria celeste não extermina as paixões, transforma-as. O Pai não impõe a reforma a seus filhos, esclarece-os no momento oportuno.
Narrador: Joana de Cusa experimentava um brando alívio no coração. Percebeu que muitos são os caminhos escolhidos por nós, alguns escolhem caminhos mais longos, outros mais curtos, mas todos guiarão ao Pai Celestial. Enviando a Jesus um olhar de carinhoso agradecimento, ainda lhe ouviu as últimas palavras:
Jesus: Vai, filha!... Sê fiel!
As luzes todas se apagam, e as sobre Joana e seu filho tornam a se acender. Joana do passado e Jesus se retiram de cena. Filho chora muito.
Narrador: Ante os apelos desesperados do filhinho, Joana recordou que Maria também fora mãe e, vendo o seu Jesus crucificado no madeiro da infâmia, soubera conformar-se com os desígnios divinos. Acima de todas as recordações, como alegria divina de sua vida, pareceu-lhe ainda ouvir o Mestre a lhe dizer: - "Vai filha!... Sê fiel!" Então, possuída de uma força sobre-humana, a já viúva de Cusa contemplou a primeira vítima ensangüentada e, fixando no jovem um olhar profundo e inexprimível, na sua dor e na sua ternura, exclamou firmemente:
Joana: "Cala-te, meu filho! Jesus era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a Deus!"
Narrador: A esse tempo, com os aplausos delirantes do povo, os verdugos lhe incendiavam, em derredor, achas de lenha embebidas em resina inflamável. Em poucos instantes, as labaredas lamberam-lhe o corpo envelhecido. Joana de Cusa contemplou com serenidade a massa de povo que lhe não entendia o sacrifício. Os gemidos de dor lhe morriam abafados no peito. Os algozes da mártir cercaram-lhe de impropérios a fogueira:
Verdugo 2: O teu cristo soube apenas insinar-te a morrer?
Joana: Não apenas a morrer, mas também a vos amar!...
As luzes se apagam saindo todos de cena e levando o cenário fica somente Joana e Jesus que entra em cena, as luzes se acendem novamente.
Jesus de frente para Joana, com a mão em seus ombros diz: Joana, tem bom ânimo!... Eu aqui estou!...
Os dois se abraçam e saem de cena.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

PRIMEIRAS PREGAÇÕES

3
Primeiras pregações
Nos primeiros dias do ano 30, antes de suas gloriosas
manifestações, avistou-se Jesus com o Batista, no
deserto triste da Judéia, não muito longe das areias
ardentes da Arábia. Ambos estiveram juntos, por alguns
dias, em plena Natureza, no campo ríspido do jejum e
da penitência do grande precursor, até que o Mestre
Divino, despedindo-se do companheiro, demandou o oásis
de Jericó, uma bênção de verdura e água, entre as
inclemências da estrada agreste. De Jericó dirigiu-se
então a Jerusalém, onde repousou ao cair da noite.
Sentado como um peregrino, nas adjacências do Templo,
Jesus foi notado por um grupo de sacerdotes e
pensadores ociosos, que se sentiram atraídos por seus
traços de formosa originalidade e pelo seu olhar
lúcido e profundo. Alguns deles se afastaram, sem
maior interesse, mas Hanã, que seria, mais tarde, o
juiz inclemente de sua causa, aproximou-se do
desconhecido e dirigiu-se-lhe com orgulho:
-Galileu, que fazes na cidade?
-Passo por Jerusalém buscando a fundação do Reino de
Deus! - exclamou o Cristo, com modesta nobreza.
-Reino de Deus? - tornou o sacerdote com acentuada
ironia. - E que pensas tu venha a ser isso?
-Esse Reino é a obra divina no coração dos homens! -
esclareceu Jesus com grande serenidade.
-Obra divina em tuas mãos? - revidou Hanã, com uma
gargalhada de desprezo.
E, continuando as suas observações irônicas,
perguntou:
-Com que contas para levar avante essa difícil
empresa? Quais são os teus seguidores e
companheiros?... Acaso terás conquistado o apoio de
algum prícipe desconhecido e ilustre, para auxiliar-te
na execução de teus planos?
-Meus companheiros hão de chegar de todos os lugares -
respondeu o Mestre com humildade.
-Sim - observou Hanã -, os ignorantes e os tolos estão
em toda parte na Terra. Certamente que esse
representará o material de tua edificação. Entretanto,
propões-te realizar uma obra divina e já viste alguma
estátua perfeita modelada em fragmentos de lama?
-Sacerdote - replicou-lhe Jesus, com energia serena -,
nenhum mármore existe mais puro e mais formoso do que
o do sentimento, e nenhum cinzel é superior ao da boa
-vontade.
Impressionado com a resposta firme e inteligente, o
famoso juiz ainda interrogou:
-Conheces Roma ou Atenas?
-Conheço o amor e a verdade - disse Jesus
convictamente.
-Tens ciência dos códigos da Corte Provincial e das
leis do Templo? - inquiriu Hanã, inquieto.
-Sei qual é a vontade de meu Pai que está nos céus -
respondeu o Mestre, brandamente.
O sacerdote o contemplou irritado e, dirigindo-lhe um
sorriso de profundo desprezo, demandou a Torre
Antônia, em atitude de orgulhosa superioridade.
No dia seguinte, pela manhã, o mesmo formoso peregrino
foi ainda visto a contemplar as maravilhas do
santuário, antes alguns minutos de internar-se pelas
estradas banhadas de sol, a caminho de sua Galiléia
distante.
*
Daí a algum tempo, depois de haver passado por Nazaré,
descansando igualmente em Caná, Jesus se encontrava
nas circunvizinhanças da cidadezinha de Cafarnaum,
como se procurasse, com viva atenção, algum amigo que
estivesse à sua espera.
Em breves instantes, ganhou as margens do Tiberíades e
se dirigiu, resolutamente a um grupo alegre de
pescadores, como se, de antemão, os conhecesse a
todos.
A manhã era bela, no seu manto diáfano de radiosas
neblinas. As águas transparentes vinham beijar os
eloendros da praia, como se brincassem ao sopro das
virações perfumadas da natureza. Os pescadores
entoavam uma cantiga rude e, dispondo inteligentemente
as barcaças móveis, deitavam as redes, em meio de
profunda alegria.
Jesus aproximou-se do grupo e, assim que dois deles
desembarcaram em terra, falou-lhes com amizade:
-Simão e André, filhos de Jonas, venho da parte de
Deus e vos convido a trabalhar pela instituição de seu
reino na Terra!
André lembrou-se de já o ter visto, nas cercanias de
Betsaida, e do que lhe haviam dito a seu respeito,
enquanto que Simão, embora agradávelmente
surpreendido, o contemplava, enleado. Mas, quase a um
só tempo, dando expansão aos seus temperamentos
acolhedores e sinceros, exclamaram respeitosamente:
-Sede bem-vindo!...
Jesus então lhes falou docemente do Evangelho, com o
olhar incendido de júbilos divinos.
Estando muitos outros companheiros do lago a observar
de longe os três, André, manifestando a sua tocante
ingenuidade, exclamou comovido:
-Um rei? Mas em Cafarnaum existem tão poucas casas!...
Ao que Pedro obtemperou, como se a boa-vontade devesse
suprir todas as deficiências:
- O lago é muito grande e há várias aldeias
circundando estas águas. O reino poderá abrange-las
todas!
Isso dizendo, fixou em Jesus o olhar perquiridor, como
se fora uma grande criança meiga e sincera, desejos de
demonstrar compreensão e bondade. O Senhor esboçou um
sorriso sereno e, como se adiasse com prazer as suas
explicações para mais tarde, inquiriu generosamente:
-Quereis ser meus discípulos?
André e Simão se interrogaram a si mesmos, permutando
sentimentos de admiração embevecida. Refletia Pedro:
que homem seria aquele? onde já lhe escutara o timbre
carinhoso da voz intima e familiar? Ambos os
pescadores se esforçavam por dilatar o domínio de suas
lembranças, de modo a encontrá-lo nas recordações mais
queridas. Não sabiam, porém, como explicar aquela
fonte de confiança e de amor que lhes brotava no âmago
do espírito e, sem hesitarem, sem uma sombra de
dúvida, responderam simultâneamente:
-Senhor, seguiremos os teus passos.
Jesus os abraçou com imensa ternura e, como os demais
companheiros se mostrassem admirados e trocassem entre
si ditérios ridicularizadores, o Mestre, acompanhado
de ambos e de grande grupo de curiosos, se encaminhou
para o centro de Cafarnaum, onde se erguia a
Intendência de Ântipa. Entrou calmamente na coletoria
e, avistando um funcionário culto, conhecido publicano
da cidade, perguntou-lhe:
-Que fazes tu, Levi?
O interpelado fixou-o com surpresa; mas, seduzido pelo
suave magnetismo de seu olhar, respondeu sem demora:
-Recolho os impostos do povo, devidos a Herodes.
-Queres vir comigo para recolher os bens do céu? -
perguntou-lhe Jesus, com firmeza e doçura.
Levi, que seria mais tarde o apóstolo Mateus, sem que
pudesse definir as santas emoções que lhe dominaram a
alma, atendeu, comovido:
-Senhor, estou pronto!...
-Então, vamos - disse Jesus, abraçando-o.
Em seguida, o numeroso grupo se dirigiu para a casa de
Simão Pedro, que oferecera ao Messias acolhida sincera
em sua residência humilde, onde o Cristo fez a
primeira exposição de sua consoladora doutrina,
esclarecendo que a adesão desejada era a do coração
sincero e puro, para sempre, às claridades do seu
reino. Iniciou-se naquele instante a eterna união dos
inseparáveis companheiros.
*
Na tarde desse mesmo dia, o Mestre fez a primeira
pregação da Boa Nova na praça ampla, cercada de
verdura e situada naturalmente junto às águas.
No céu, vibravam harmonias vespertinas, como se a
tarde possuisse também uma alma sensível. As árvores
vizinhas acenavam os ramos verdes ao vento do
crepúsculo, como mãos da Natureza que convidassem os
homens à celebração daquele primeiro àgapa. As aves
ariscas pousavam de leve nas alcaparreiras mais
próximas, como se também desejassem senti-lo, e na
praia extensa se acotovelava a grande multidão de
pescadores rústicos, de mulheres aflitas por
continuadas flagelações, de crianças sujas e
abandonadas, misturados publicanos pecadores com
homens analfabetos e simples, que haviam acorrido,
anciosos por ouvi-lo.
Jesus contemplou a multidão e enviou-lhe um sorriso de
satisfação. Contrariamente as ironias de Hanã, ele
aproveitaria o sentimento como mármore precioso e a
boa-vontade como cinzel divino. Os ignorantes do
mundo, os fracos, os sofredores, os desalentados, os
doentes e os pecadores seriam em suas mãos o material
de base para a sua construção eterna e sublime.
Converteria toda miséria e toda dor num cântico de
alegria e, tomado pelas inspirações sagradas de Deus,
começou a falar da maravilhosa beleza do seu reino.
Magnetizado pelo seu amor, o povo o escutava num
grande transporte de ventura. No céu havia uma
vibração de claridade desconhecida.
Ao longe, no firmamento de Cafarnaum, o horizonte se
tornara um deslumbramento de luz e, bem no alto, na
cúpula dourada e silenciosa, as nuvens delicadas e
alvas tomavam a forma suave das flores e dos arcanjos
do Paraíso.